Dormias quieta na rede
animada tão só pela brisa
e eu olhava para ti com a sede
dum sonho que de Vénus desliza
Via-te tão quieta de pegar tão fácil
que se me incendiou a alma
não resistindo ao desejo táctil
toquei-te com a mão, só a palma
Tu bela Helena e eu vibrante Páris
perdida tu num sonho do dia-a-dia
e eu acordado cruzando os mares
procurando-te seguia do alto da vigia
Por fim dás ares de revolta
incomodada pela tensão
recompões a roupa solta
fugindo à opressão da mão
Dás conta de mim quentinho
demoraste para a acordar
Então mostraste-me o caminho
que os dois quisemos trilhar
Finalmente abres teu o rosto
trazida a mim pelo desejo
abraçando-me tomas-me o gosto
num longo e delicado beijo