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Uma flor voa sobre a nossa sombra
Inundando de aroma a fim o rio que somos
Mudando-lhe os contornos
Acendendo nela a sua morte
Esbatendo-a a ponto de ser pouco mais que memória

Deixas-me, deixo-te, deixa-mo-nos sem nos soltarmos
Presos ao coração que sempre somos
Cativos das dores da partilha, reféns do prazer de viver a dois
Presos à liberdade de nos amarmos
Nada mais que dois corações partidos

Em mim deixas o teu coração
Sangrante gaivota
Piando já a saudade por trás do nevoeiro
Em ti deixo o meu coração
Minúscula flor de maçapão
Na rocha nua do chão que nos viu despertar

Desculpa-me se te amo
Perdoa-me por te querer
Meu abraço é um ramo
Que une o teu ao meu ser

O gesto afasta o nevoeiro
E nasce a paisagem ao olhar
O mundo aparece assim inteiro
Por cabeça a serra, por ventre o mar

E tu, assim deitada, ofuscas a imensidão
De seres princípio e fim das coisas
De partires o meu coração, para no teu caber

Sobre escolher um lado
Quem és tu e o que fizeste à minha pessoa?