Se…
Alguma vez olhaste o sol de frente
De modo tão cego e tão contente
Que dos leitosos olhos envidraçados
Teus sonhos jorrassem branqueados
E…
Tuas dores não fossem mais que nada
Num mar sem ondas que se enfada
Apenas porque o imenso sol aguentas
Só na firmeza de como o enfrentas
E…
Por isso te veem como um estranho
Alguém dos idos tempos de antanho
Ou então o que se acha o que não é
Patético super-homem sem ser nem fé
Pois…
Dos teus olhos cegos de cuidar ver
Gastos de tanto sobre eles escrever
Autos de barcas que servem a ninguém
Por serem tão irreais como a Jerusalém
Então…
Numa existência cega de tanto olhar
O teu mundo passa sempre a voar
Ficando em si nada mais que a dor
De tudo ver e de nada ser senhor
