Do que esperamos quando ninguém nos espera? Quando não ouvimos o som caloroso dos passos apressados que se aproximam. Quando nos voltamos para trás e já até as sombras dobraram as esquinas da nossa solidão. Quando tudo que nos resta é o desejo de voltar para trás, para quem não nos quer, ou olhar em frente um caminho traçado para um.
Solilóquio por companhia, silêncio por entretém. És cada vez mais uma ilha em ti mesmo. Um promontório no fundo de um poço. Imaginas-te auto-suficiente, capaz de viver a tua vida sem o acosso da solidão. Mas sentes falta dos sorrisos cúmplices, que te liguem a marcar coisas triviais como um café numa esplanada. Dás por ti a viver como se um filme se desenrolasse à tua volta, numa tv esférica que te envolve e absorve na totalidade. Dentro mas fora, com um vidro poroso que te separa da realidade e te mantém dela arredado. Ninguém se lembra de ti quando não estás à sua frente. Ninguém te fala, ninguém te chama, ninguém te abraça ou dá uma palmada nas costas.
Vais só. És só. Nada deixarás senão continuidade.