Nada há mais do que tu e todos os outros; tu e os outros não existiram nem existirão para lá do momento em que são.
E foi assim, como quem liga ou desliga um interruptor, que te deste conta que és dono de ti mesmo, sem recompensa ou castigo para atos, palavras ou omissões. Sem nada, ninguém ou coisa alguma que te guie a troco de ração ou vara.
E assim livre, sem juiz nem carrasco ou benfeitor, entregue a ti próprio, o que fizeste? Mataste ou deste a vida a troco de ser melhor? Roubaste ou entregaste o melhor de ti como recompensa? Enganaste-a ou revelaste-te amante da humanidade?
Agora que sabes que nada, ninguém ou coisa alguma te irá julgar e que quando deixares de existir, nada de ti permanecerá senão na memória dos que pronunciam o teu nome, sabendo que és livre para seres e fazeres o que quiseres, matarás, roubarás e enganarás apenas por saberes que nada te espera? Um nada absoluto, sem deleites nem castigos?
Farás isso ou o seu oposto?
Se te mostras reto e justo porque a isso TU PRÓPRIO te obrigas, o que há em ti, que de tão extraordinário, tu não aceitas como só teu. Esse extraordinário, só teu, que te leva a amar, a querer o bem, a partilhar o amor que tens por estar vivo. Que faz de ti um ser completo, íntegro e ainda assim, em nome alheio à razão, como oblato, és capaz de odiar e maltratar os outros como tu? Que temes em ti, que te faz pensar não seres merecedor de ti mesmo e que te empurra para uma falácia que te derrota?
Liberta-te! Limpa o pó dos joelhos e caminha altivo. Não adores. Ama.
Ama apenas por ti. Ama apenas por todos.