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Nada é mais triste que um céu azul
Azul de ponta a ponta sem mácula
Que se lhe aponte só e sempre azul
Nem mesmo o sol que é um crápula
Egoísta que brilha tanto que ofusca
Tira tanto quanto dá e não se deixa
Amar nem tocar por quem o busca

É muito enfadonho o dia bom porque
Ausentes mistérios para eu desvendar
É igual de ponta a ponta sem destaque
Sem nuvens nem sombras para amar

Venham então as nuvens das cerradas
Às de algodão em rama em camadas
Brancas cinzentas pretas ou douradas
De manhã ou pelo fim do dia reveladas

Espraiem-se as sombras pelas paredes
Estiquem-se em refrescantes verdes
Fazendo o fresco milagre de nos dar
Um sítio ameno para do sol escapar

Dia feliz o dia em o sol não é o juiz
Vida contente se se esconde da gente
As nuvens desfiadas fazem-me feliz
Num tempo sem horas de presente

Os fios de luz bordados em cima do mar
Perto de mim e impossíveis de alcançar
Elevam-me para lá das nuvens nos céus
Coladinho ao que quer que queira deus

Morre o sol por hoje e ficam as nuvens
Pairando por ali sem nada que fazer
E então perguntam ao sol Que tens
Fraco solta Morro para continuar a viver

Apresentação do livro "Manual do Suicida"
Fuck’in eden