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Se há cores que cobrem as coisas
Todas que existem nos meus olhos
E se movem animadas pelas folhas
De universos permeados de escolhos

Se há beleza no mundo feito de dor
Lancinada a cada dia morto o sono
Vivido ao ritmo das mãos do escritor
Cavando regos digitais de abandono

Se ainda há afetos e abraços velados
Que tomados refém do insignificante
Não ficam esquecidos nem domados

Se há ainda razões para dizer bom dia
Ao acordar o trânsito intestino do ser
Que insiste e persiste a alma dura e fria

É porque:

És tu
És tu
És só tu

És tu
És tu
És sempre tu

Memória
Sobre ser neutro