Gostaria de começar pequeno
Um pirilampo em meda de feno
Brilhozinho verde no escuro
A esperança vagando no futuro
E depois crescia só um pouco
O arregalar do olhar do louco
A luz fortalecia e amarelava
Deixando a meda iluminada
Sinto-me agora com mais força
Esboço pinotes qual ágil corça
Não é pirilampo nem pequeno
Vai na curva ascendente do seno
Como todos tem figura de gente
Mas nele há um brilho latente
Que lhe escurece toda a figura
E lhe rouba de vez a ternura
Ainda assim não desiste ou vacila
Prende a respiração e logo cintila
Algo em mim começa a lampejar
No corpo hirto em riste a flutuar
Como carro engrenado fico instante
Esperando o coice que me leve adiante
É só a luz agora e não há mais figura
Que se veja na luz perdida na negrura
Pois que tudo à volta é escuridão
E faz o rebrilhar soar a traição
Intrometem-se as mãos ao olhar
Protege-se da luz que quer evitar
É então que fujo para diante
Impondo luz amor aterrorizante
Solta-se a luz por todo o lado
Sobra o pirilampo vazio e gelado