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Se alguém faz uma pergunta, de forma séria, sobre se algo que damos por adquirido realmente existe e a resposta é igualmente séria, então é natural que tanto a pergunta quanto a resposta nos deixem perplexos. A pergunta foi: Os eletrões existem? E a resposta foi algo como: nunca medimos (observamos) um eletrão, mas apenas registamos a energia que este manifesta no campo quântico que presumimos ocupar.

Questionar a existência de uma partícula fundamental é duplamente maravilhoso, pois mostra como o pensamento científico, contrariamente ao dogmatismo, é capaz de revisitar, questionar e,
inúmeras vezes, alterar posicionamentos, mas sobretudo o quanto, simultaneamente, o pensamento humana progrediu e quão pouco o ainda fez.

Por outro lado, duvidar da existência de uma partícula fundamental remete o meu pensamento para aquilo que consigo apenas referir como ‘uma existência de efeitos’. Uma existência onde apenas ‘existimos’ nos efeitos, reflexos ou reações que produzimos. Onde existem apenas reações, fruto de ações perpetradas por um agente inexistente. Ou seja, onde o agente, a que chamo indivíduo por falta de melhor termo, não se manifesta nem é observável, senão num campo social onde, observações de determinados efeitos, lhe são imputadas. Como se apenas pudéssemos ver os outros, e a nós próprios, nos espelhos. Pelas pegadas na areia, inferem-se os pés de alguém; pelo perturbar na água, alguém que nela nada. Nesse caso, se a nossa existência se fica pelos efeitos, sem agente observável, poderá dizer-se que não há indivíduo e não há ser. E se não somos diferentes dos demais seres ou objetos, também não há animais, nem estrelas, nem as flores do hibisco. E, no entanto, toca-mo-las com as nossas mãos, vemos a sua cor e sentimos o seu cheiro. Espera lá…

7 Cidades
Às voltas, sempre às voltas