desde que me lembro que vivo em conflito com o divino. aceito mal, e com profundas reservas, a prática cristã e muitos aspectos da sua doutrina, em especial os ligados à hierarquia, santidade de alguns, infalibilidade de outros (ocorre-me Urbano II), e o cilício penitente com que desde sempre vestiram o ‘bom’ judaico-cristão.
quanto Cristo disse: “-dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei..” -estaria a dizer: “-agora tendes 11, cuidado!” -ou então: “-este revoga a legislação anterior.”?
qual será então a verdadeira mensagem de Cristo?
julgo que a traduzida pelos evangelhos e encíclicas papais é uma “aquinização” (perdão) da mensagem original. Cristo falava para gente simples, sem profundidade intelectual, incapaz de compreender os evangelhos (haverá quem os compreenda verdadeiramente, ou apenas os interprete, com as implícitas consequências do juízo). a mensagem terá de ser forçosamente mais simples. o que será mais simples do que: edificai a vossa sociedade no amor. sede iguais, sem considerações étnicas, sexuais, sociais, religiosas; no amor. entendo o amor como respeito, desprendimento, entrega, paixão, carinho, a bitola da moral. poderá este amor ser o fundamento das sociedades humanas? somos todos diferentes nas nossas vivencias, capacidades, especificidades. somos todos iguais no amor pela vida e por um deus (ou muitos), que está por aí: em mim, em ti, nos filhos que portarão o que fomos em vida, numa onda que quebra, num pássaro que avança para lá do horizonte, numa bola azul que paira na imensidão.
um edifício mental, construído para reforçar a confusão e manter viva a chama