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Creio em deus todo poderoso, criador do céu e da terra, do universo e de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio que o fez num único impulso criador, instantâneo e de dimensão cósmica; depois descansou. Toda a dimensão física individual que possa ter tido se extinguiu nesse impulso, tendo esta incorporado o ser das coisas, sejam elas matéria, antimatéria, radiação, energia, vazio, constantes, matemática; a sua divina essência é, e será, a intangível razão e destino do universo. Todas as tentativas de provar a sua existência são fúteis e desnecessárias. Deus, independentemente de ser ou não reconhecido, é; a prova cientifica da sua existência não poderá nunca acontecer porque onde há ciência não pode haver deus.

Creio em deus livre e completo que recua à medida que a vida avança, porque assim o planeou e deseja. Deus que somos, que nos rodeia e que nos determina, mas que acima de tudo que se deixa moldar e que dá lugar à ciência, é o mesmo que salva o mundo e nos leva o filho atropelado; o que trás a cheia que mata milhares, e salva a moça mandando-lhe uma árvore carregada de frutos, mar a dentro, ao seu encontro; é as leis do movimento de Newton, a proporção divina, o quasar, o quark, a constante cósmica.

Creio em deus restituído da sua face diabólica. Deus infinitamente sábio e bondoso não é mais que meio deus. Negar-lhe a sua dimensão negativa é negar a existência de metade do universo. Deus assim retratado é um pobre reflexo do homem hipócrita que nunca existiu nem pode nunca existir. Tal como o universo que criou que é sobretudo um jogo de equilíbrios em que cada partícula tem o seu oposto, deus, enquanto essência unificadora, compreende uma natureza de opostos, positivo/negativo, mau/bom, masculino/feminino, corpóreo/incorpóreo, vazio/cheio. O homem na sua natureza pacífica, protectora, malévola e destrutiva, é uma manifestação de deus. Só após a aceitação desta dualidade é que libertamos deus e o aceitamos sem o julgar; só então nos tornamos livres de, à luz da razão, escolher o nosso caminho. Sejamos os verdadeiros filhos de deus, aceitemos a liberdade que nos foi sentenciada: sermos seres múltiplos, guiados pela razão.

Nota: Sinto, ao reler o texto, que o meu pensamento poderá não estar aqui transcrito com toda a coerência e exaustão que gostaria de ver. Atribuo isso à pobreza da pena, à dificuldade de expressar em palavras o resultado das longas horas sem dormir, das leituras dos mestres que luto para compreender, e também por sentir o peso da enorme tarefa a que este pobre não pode, nem quer fugir.

um edifício mental, construído para reforçar a confusão e manter viva a chama
Taxinomia
Serei apenas eu?