Poesia

No trono II

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Vão-se as horas e fica o tempo vazio
Após todos os incrementos quantitativos do cansaço
O dia desmobiliza e se perde em passos finos
Da luz que se esvai em sucessivas pinceladas de
Amarelo alto, laranja heróico e vermelho frio
Aos poucos sumindo-se do olhar saudoso

Quando sei que o dia acabou e a noite entrou em mim?

Quando é que olho o dia e digo: é noite(!)
Porque chega em mim sempre tarde a noite
Por muito que anseie e prepare o momento
Trespassa o anoitecer e apanha-me sempre
Na surpresa de estar Lá sem nunca ter estado 

Acabada de arrefecer, acabada de escurecer

Algum dia verei ou terei na mão da alma
O salto qualitativo do dia para a noite, esse
Ponto onde sonhos se desfazem e recomeçam
Ponto sem dimensões, sem antes nem
Depois da compreensão dos dias que se acabam
Em noites que começam sem saber nem onde

E nem porquê

Ó tu
27 de julho