É espinho no flanco
Uma bofetada na cara
É noite em branco
Uma dor que não pára
É um pé na poça
Outro espetado na lama
É frio que roça
Tempo a mais na cama
É caca caindo
Caca de cão espalhada
É o ar fugindo
da garganta esganada
É ansear o abismo
A vontade de desligar
É acordar num sismo
A vida quase a acabar
É amor que se testa
Subida com inclinação
É o dia que não presta
Dor aperta o coração
É a noite tão fria
A manhã que não vem
É a alma vazia
A mesa sem ninguém
É comer sozinho
Dormir no meio da praça
É o velho caminho
Dizer piada sem graça
É maçã estragada
Peixe que cheira mal
É flor arrancada
Cérebro vegetal
É o fugir da vida
Por dedos partidos
É arma escondida
Dando tiros perdidos
É cão que morde
15 minutos de fama
É sol que se esconde
É a lama é a lama
É o erro fatal
que sempre se chora
É apodo do mal
Foge de quem adora
…continua