Voa solto o sopro da escuridão
Sobre um qualquer macaco de imitação
De cinza bicho indiferente e amorfo
Perdido no fim de si mesmo
Despido da forma que tem
Saudoso de tempos coloridos e arejados
Num mundo reduzido tudo aperta
Redutor e retraído é o espartilho
De vento enjaulado e sol esbatido
De véus agnósticos fluídos
Medos de compendios extraídos
Riscando liberdade no ressoado dos vidros
Iça tarde o corpo do verme da noite
Preso por elásticos às orelhas quentes
Iça do amor temor de rituais repetidos
Na pele seca e gretada das mãos dadas
Iça a bandeira da rendição furiosa
Ao mais pequeno que não sabe que é rei
És agora o que não és / Vives agora o que não vives
Qual miragem feita casa dos dias coroados
E do lago de lágrimas bebemos a esperança
Com o mundo real e perene que corre para lá
Do alcance dos pés e dos beijos perigosos
Queres abraçar o todo do mundo real
Mas a miragem que te envolve, proíbe-to

