(Uma vez mais, põe tu as putas das vírgulas)
Sentado frente a um mar imaginário sem horizonte que o ligue e separe do céu azul cereja de um entardecer cénico como se este pertencesse a um mundo que ali se pinta e sem que dele faça parte do todo ou sequer de coisa alguma
Feito de nada mais que memórias esquecidas por um cadáver que respira ainda quente pelo sol [pelo sal] que o trespassa [seca] de indiferença e lhe rouba a sombra [água] que seria a sua identidade na areia onde diariamente se deita sem o conforto de ter por seu o tempo ou o lugar que ocupa
Permanece estóico arriscando um enganador esgar dos lábios qual sorriso sem a garra que lhe faça sentir a dor de não tocar o mundo senão para que este o esqueça e nada de si sobre enquanto sabe existir
É então que se levanta e vê nas suas mãos os grãos de indignação quebrada pelo silêncio das vozes que o rodeiam sem nunca o tocar nas vascas de uma morte anunciada à nascença do mais frágil dos penedos da praia a que se confinou
Torna-se imenso na dimensão do impacto que não causa nas ondas nem nos juncos nem na areia que não levanta no vendaval que em si circula e lhe dá o respaldo do desespero que alenta a vida inteira que mais ninguém sabe existir
Perante a monstruosidade da insignificância sobra-lhe o bater do outro coração que levemente carrega consigo e dá compasso ao seu
