Passa a hora no tempo que acabou
No momento do nada que desprende
O remanso dos sonhos já esquecidos
Lembrados pelo que nunca foram
Lampejos negros da memória virgem
De só recordar o que não aconteceu
E invejar o que tem preso pelo limbo
Da plenitude de uma existência vã
Na negrura que encandeia a alma
Na brevidade de uma luz dissonante
Um fotão de esperança no terror
Que é a existência cimentada na dor
então, Há que…
Erguer das ruínas um mundo novo
Onde só o que mata faz viver
Onde só o que afoga faz respirar
Preso a um universo que liberta
Construir castelos de areia movediça
Asseverar nada mais que a dúvida
Estar certo de nada que não de tudo
Função derivativa que nunca alcança
Mais do que o castigo de saber que
A vida é apenas um interregno do nada