Ser ou não ser
Eis a questão
Do amanhecer
Ao limite da solidão
Do sono que esquece
À saga nua que viveu
Se fasciculada saísse
Das páginas intoxicadas da Orpheu
Se é porque respira
Ou se detém de razão
Se termina em grossa pira
Ou se transcende o coração
Se começará a vida
No primeiro dia do ser
Ou estará adormecida
Até ao dia de morrer
A questão não é mais
Que a esperança de ser maior
Do que os segundos finais
Porque pensando se vê melhor
Do que o resto dos animais
Donde saiu vencedor
Vive então sonhando a vida
Envolta em carne viva de vergonha
Alheio que é mente desprendida
E finita que apenas sonha
A vida