Do que é nada, tudo
Surgido como o mito
O pleno da existência
Doloroso e gratificante
Como uma memória
Apontada à cabeça
Dirigindo mão e olhar
Afunilando a escolha
Que cega a acção
Do olhar alto e servil
Que trava a escuta
No fim dos arcos-íris
Passa o tempo quieto
Por círculos a direito
Filmados a luz e dor
Bafientos, frios e baços
Como se o corpo
Não fosse teu
Mas emprestado
Por ti a ti
Como se a mente
Não fosse senão
A viagem de uma onda
Que morre na praia
Como se tivesses
De pagar a vida
Com a outra vida
Que não é a tua
Diz-me onde vais
Com essa memória
Apontada à cabeça
Onde te leva
Essa eminência tardia
Onde tudo se dá por perdido