Paira uma sombra no mundo
Uma sombra cheia de passado
Ecoando o nada negro fecundo
No esquecido presente alienado
São os sinais que se repetem
De caminhos outrora pisados
Banalidades que intrometem
A vida arco-íris dos alheados
Caminha a sua própria solidão
O homem agora empobrecido
E a mulher confiada à devoção
Do que para si terá já perdido
Dana-se o jovem sem futuro
Dana-se o de futuro roubado
No altar danado do apuro
Onde até o amor é comprado
Está tudo mal e já ninguém o vê
Tudo doente e ninguém quer saber
Perdido o tempo de dizer porquê
Perdida a paciência que constrói
Aperta-se o cerco e sem o saber
Regressa o abismo que tudo mói