Paira sobre ti uma complexa simplicidade
Como se o que sabes não olhasse ao que és
Habitas o tempo das cavernas celestiais
Enraizadas nas memórias de primatas oblíquos
Cego pelo deslumbre da pertença a um clube que criaste
E ao qual nunca foste admitido
Exalas das páginas de uma história mítica
Indistinta e monocórdica
Uma magnificência académica
Despojada de vida própria
Partilhas uma realidade
Que constróis e na qual te colas
Mais e mais a cada dia que passa
És o corpo
Que segue triste
A sombra do ser
Tua vida atirada
À eternidade
Decadente
Esquecido nela
No mar dos iludidos
De olhos espelhados
Cuidando que tens
O fogo por sangue
E não angústia líquida