Deixa a tua reação
no final do texto.
Nada passará además que dolor.
Todos os dias são segunda
Repletos de vazio e relento
Solidão grave e profunda
Tonitruante e escuro vento
Todos os dias são segunda
Azuis, cinzentos, iguais
Secam estrada fecunda
Fecham todos os sinais
Rodopiando numa rotunda
Sucedem-se na contramão
Os dias que são segunda
Circulando sem paixão
Monótono o seu caminho
Cinzento vai no seu viver
Pois se encontra sozinho
Sem escolha, nem prazer
E o desejo de outro ser
Que fosse lesto e valente
Não é mais que o anoitecer
De mais uma segunda indolente
Cordel macabro e sibilino
Tece a azul forte e radioso
O céu firme, frio e cristalino
Céu azul, cruel e odioso
Na terra tudo é baço
Raso e rente ao chão
A vida um erro crasso
Só a morte libertação
Sombras de memórias
Projeções de espaços vazios
Abraços por cerimónias
Beijos surdos, distantes e frios
Vida que passa como um só dia
Dia que se vive numa única hora
Vida pausada que se esvazia
Onde não se ama, não se ri nem se chora
E os que dela fogem
Felizes vão afinal
Das finais segundas correm
Para o universo maternal
Outros, corajosos temem
Porque choram e arriscam
A insubmissão que é sémen
De novos olhos que faiscam
Rompem com a segunda
Em grandes saltos de gigante
Deixando para trás a imunda
Monotonia dilacerante
Em novos dias descobrem
Nos frutos outro sabor
Ás narinas aromas sobem
Aos olhos um mundo de cor
Deixa o céu de ser cinzento
Para ganhar novas sabores
Azul e vermelho calorento
Abraçando todos os amores
Rompem-se as segundas
De todos aqueles que sós
Escondendo as faces perdidas
As voltaram para a tua voz
PS: Crescer com os “The Smiths” tem destas coisas. E sim, troquei o domingo pela segunda.