Entre nós e as palavras
Ressoa a luz das ideias
Na forma das coisas puras
De suas vozes arredadas
Por negro e claro cheias
Contrastante nas figuras
De silêncios caiadas
Entre nós e as palavras
Não há voz que articule
Ou grafismo que vincule
Os nomes que nos demos
Vidas que nos pintamos
Formas jamais deslavradas
Por si mesmo representadas
Entre nós e as palavras
No recôndito da linguagem
Revela-se longo o sentido
Feito de mitologias veladas
Aos sentidos em viagem
Longa de significado perdido
Recorrências espelhadas
Entre nós e as palavras
Regressa o amor do seu fim
Tempo de amor carmesim
Em estática velocidade
Por espaços de felicidade
Cumplicidades semeadas
Entre nós e as palavras
… só não há metal fundente
* inspirado por Cesariny
Imagem: Fonte - Museu de Torres Novas. A colectiva, Mário Cesariny, Artur Bual, Francisco Relógio e Lima de Freitas, 1993. Acrílico s/ tela, 120x200 cm [n.º inv. MMTN 5760]